Revista Brasil Energia | Transmissão

Primeiro leilão do ano comprova apetite de investidores

Considerado segundo maior da história na área de transmissão, certame somou R$ 1,8 bilhão em RAP e tem previsão de R$ 18 bilhões em investimentos, com obras em 14 estados

Por Nelson Valencio

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O primeiro leilão de transmissão do ano, realizado em 28 de março, durou quase 4h30, comprovando a previsão de grande apetite de empresas proponentes. Longo e diversificado, o certame teve os 15 lotes arrematados, com a participação de grupos tradicionais, caso da EDP, Eletrobras e Energisa, mas também de novas caras, incluindo o fundo de investimento Development Warehouse, Cox, Brasiluz e Consórcio Paraná IV, entre outros.

Considerado o segundo maior da história na área de transmissão, soma R$ 18 bilhões em investimentos, com obras em 14 estados.

O grupo Eletrobras, através da Eletronorte, arrematou os lotes 1, 3, 5 e 9 do leilão.  No lote 5, o grupo foi arrojado e deu um lance de R$ 302 milhões de RAP, com deságio de 31,14%. No lote 3, a disputa ocorreu com a Engie, segunda colocada, em viva-voz, e foi arrematado por R$ 114,4 milhões de RAP e deságio de 26,94%.

O lance do lote 5 foi superior à oferta do consórcio Optimus I, cujo deságio foi de 22%, confirmando a assertividade do grupo Eletrobras. O Lote 5, um dos grandes do certame, com 1.116 km de extensão, tem obras em seis estados do Nordeste e prazo de conclusão em dezembro de 2029. Já o lote 3 terá 337 km de linhas de transmissão e 1.800 MVA de capacidade, com obras concentradas no Ceará, com prazo de 60 meses.

Nos lotes 1 e 9, primeiros a serem comprados pela empresa, não houve disputa em viva voz (quando há uma diferença de até 5% entre as propostas). No caso do lote 9, a oferta da Eletronorte foi de R$ 11,6 milhões de Receita Anual Permitida (RAP), o que significa um deságio de 59,39%. O lance foi superior ao da segunda colocada, a CEEE, do grupo CPFL (50%).

O lote 9 é um dos menores desse certame, com obras na região de Chapecó, contemplando uma linha de transmissão de 6 km e uma subestação de 230/138 kV. A entrada em operação comercial deve acontecer até dezembro de 2027, com 42 meses de execução.

Para o lote 1, a oferta de RAP da concessionária foi de R$ 162,3 milhões, o que representa um deságio de 42,93%. Esse lote envolve obras que somam 538 km de linhas de transmissão no Ceará e Piauí. As obras deverão ser realizadas até junho de 2029, ou seja, 60 meses de prazo.

A EDP arrematou três lotes, 7, 2 e 13, agregando o total de R$ 288,4 milhões de RAP à sua carteira, que devem entrar em seu caixa a partir da conclusão das obras, cujo prazo máximo é de 60 meses nos três casos.

Para o lote 7 a empresa entrou com lance de R$ 51 milhões de RAP, um deságio de 41%, contra a oferta da segunda colocada – Energisa – de 26%. Com 390 km de linhas de transmissão e 300 MVA de capacidade em subestações, o lote 7 terá 60 meses de prazo de conclusão e obras na Bahia, Tocantins e Piauí.

Já o lote 2 a empresa venceu com uma RAP de R$ 135 milhões e deságio de 45,97%. Na disputa em viva voz o Fundo de Investimentos em Participações Development Warehouse não apresentou proposta. Esse lote tem um escopo de 537 km de linhas de transmissão e 60 meses de prazo, restritas ao Piauí.

No lote 13, a EDP tem a missão de construir 461 km de linhas nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. A RAP ofertada foi de R$ 102,4 milhões, com deságio de 36,21%, o menor dos três lotes conquistados.

A Energisa também surpreendeu. Embora tenha perdido o lote 7 para a EDP, saiu vencedora do Lote 12, fortemente disputado no viva-voz, com lance de 112,5 milhões de RAP, um deságio de 29,99%. O consórcio Optimus e a Cymi disputaram também esse lote, sendo que o Optimus I parou no valor de R$ 112,7 milhões, ou seja, um deságio de 29,87%. Formado por duas linhas de transmissão – 394 km - no Maranhão e Piauí, o lote 12 tem um prazo de execução de 72 meses para entrega em junho de 2030.

Já o fundo de investimentos e participações (FIP) Development Warehouse, cujo gestor é o banco BTG Pactual, venceu três lotes seguidos – 4, 6 e 14.

O processo começou com o lote 4, cujo deságio proposto, um dos menores do leilão, foi de 30,5% e uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 111,7 milhões. O lote tem obras nos estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, com 411 km de linhas de transmissão e 300 MVA de capacidade.

Na sequência, o fundo venceu a disputa do lote 6 com a Cymi, segunda colocada, com uma oferta de RAP de R$ 284 milhões e deságio de 49,6%, contra o deságio de 44,56% da Cymi. Esse lote tem 951 km de linhas de transmissão, com obras na Bahia e Minas Gerais.

O terceiro lote arrematado foi o 14, com RAP ofertada de R$ 162 milhões – deságio de 53,7%. As obras, nesse caso, envolvem 636 km de linhas de transmissão na Bahia.

Os três lotes vencidos pelo Development Warehouse têm prazo de execução de 66 meses, sendo que a operação comercial deve acontecer em dezembro de 2029.

A diversificação do certame – que tem outras concessionárias que não disputaram o segundo leilão do ano passado - inclui o consórcio Olympus XVII, que ganhou a disputa pelo lote 15, com deságio de 33,5% e uma RAP final de R$ 154,4 milhões. As obras envolvem a instalação de 509 km de linhas de transmissão em Minas Gerais, com prazo de 66 meses.

O Lote 8, com obras no Rio de Janeiro, tem 1500 MVA de capacidade e o menor prazo do leilão, com 36 meses e operação comercial a partir de junho de 2027. A disputa acirrada foi para o viva-voz entre a Brasiluz Eletrificação e Eletrônica e Consórcio Transformaçu, com vitória da primeira, num lance de RAP de R$ 16,050 milhões e um deságio de 43,27%.

Dois novos players confirmaram a oxigenação de empresas entrantes no setor. A Cox Brasil ganhou o lote 10, um dos três últimos disputados nesta tarde. A empresa fez uma oferta de RAP de R$ 29,290 milhões pela instalação de 104 km de linhas de transmissão, de Itararé II a Capão Bonito, no estado de São Paulo, e 900 MVA de capacidade em subestações. O valor representa um deságio de 43,49%, superior ao ofertado pela CEEE, do grupo CPFL, que desistiu da disputa no viva-voz.

Já o lote 11 foi vencido pelo consórcio Paraná IV e envolve a ativação de 75 km de linhas de transmissão e 200 MVA de capacidade no Mato Grosso do Sul. A RAP contratada foi de R$ 20,4 milhões, com deságio de 42,42%. Os dois lotes citados têm prazo de 48 meses para serem executados.

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