e-revista Brasil Energia 483

Brasil Energia, nº 483, 30 de outubro de 2023 99 Bruno Armbrust é sócio fundador da ARM Consultoria, ex-presidente do grupo Naturgy na Itália de 2004 a 2007 e no Brasil de 2007 a 2019. Escreve na Brasil Energia a cada dois meses. Bruno Armbrust Nos últimos tempos o biometano vem sendo considerado um energético fundamental para se alcançar as metas de descarbonização na União Europeia – UE e se encaixa perfeitamente no denominado “Trilema Energético” que se baseia na i) segurança energética, ii) sustentabilidade e iii) energia acessível. O biometano vem, portanto, sendo considerado, na UE, um energético chave na solução desse “Trilema” pois, além de contribuir para a redução das emissões, tem um custo razoável, permitindo a sua sustentabilidade econômica e social, e, principalmente, ajudando a diminuir a dependência, na EU, da importação de gás. O biometano, além de converter resíduos em uma vantagem, como a eliminação das emissões, ainda tem uma produção relativamente estável ao longo do dia e do ano, sem maiores impactos da climatologia e das diferentes estações. Estudo da Comissão Europeia denominado “Impact of the use of the biomethane and hydrogen potencial on trans-European infrastructure”, realizado em 2020, indicou um grande potencial de incremento na produção de biometano. Mais recentemente, a Associação Espanhola de Gás – Sedigas publicou novos estudos realizados pela PWC que indicaram que o potencial de biometano poderia ser ainda maior e poderia superar em mais de 30% o volume indicado no estudo da Comissão Europeia, o que poderia levar a Espanha a ser o 2º país na UE, depois da França, na produção de biometano. O potencial de produção de biometano na Espanha e na França permitiriam a esses dois países superarem os objetivos do REPowerEU. O REPowerEU foi lançado em maio de 2022 pela Comissão Europeia com o intuito de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis russos antes de 2030. O programa estabelece, dentre outras ações, a substituição de 10% do consumo de gás natural na União Europeia por gases renováveis até 2030. O interesse no desenvolvimento de projetos de gases renováveis no mundo vem aumentando substancialmente e o biometano tem recebido, nos últimos tempos, uma grande atenção de investidores e de grandes players energéticos. Recentemente o Goldman Sachs anunciou que pretende investir mais de US$ 1 bilhão para liderar o setor de biometano e dar um salto em suas participações na UE. Dentro desse contexto se faz importante ressaltar as aquisições recentes de petroleiras como Shell e BP das empresas de biogás, Nature Energia e Archaea, respectivamente. Aqui no Brasil, o Grupo Energisa anunciou, em setembro, sua entrada no mercado de produção e comercialização de biometano com a compra da Agric, e a Compass anunciou um acordo com Orizon para criação de uma joint venture para produção de biometano. Nos distintos países europeus estão sendo introduzidos diferentes mecanismos e regulações de estímulo ao biometano. Na França, por exemplo, só em 2022, foram colocadas em serviço mais de 500 plantas de produção de biometano. A França tem como objetivo substituir 10% do gás natural até 2030 e chegar a 20% posteriormente. A garantia do direito à conexão à rede é fundamental para o crescimento do biometano

RkJQdWJsaXNoZXIy NDExNzM=