Brasil Energia, nº 483, 30 de outubro de 2023 93 De acordo com o gerente de projetos sênior da Roland Berger, João Martins, a previsão é que a demanda doméstica por produtos de gás natural e derivados cresça de maneira constante até 2050. A expectativa é que atinja cerca de 80 bilhões de m3/ano. “Já a penetração de mercado do biometano no Brasil, atualmente em apenas 4%, tem potencial de aumentar para 10% até 2030 e 50% até 2050”, completou. Do total, a maior parte será consumida pelo setor industrial com a geração de calor, seguida pelo setor elétrico, especialmente com as usinas termoelétricas, e uma menor fração do transporte. Segundo a Roland Berger, a adoção de metas ESG também pode impulsionar a produção de biometano. O setor industrial é estimulado a promover mudanças sustentáveis nas atividades e, por isso, o mercado avalia o gás renovável como ferramenta para reduzir as emissões de gases poluentes. O estudo aponta que projetos com produção de mais de 20 milhões de m3 são competitivos em relação ao gás natural e que o gás renovável se torna cada vez mais atrativo conforme a escala de produção aumenta. “Hoje, apenas 50% do potencial teórico de produção de biometano a partir de resíduos urbanos está facilmente disponível devido a limitações nos processos de reciclagem e coleta dos mesmos”, aponta o documento. Combinado com outras alternativas sustentáveis, como o hidrogênio verde, o gás renovável lidera o caminho como uma das principais alternativas frente aos combustíveis fósseis. No Brasil, o mercado é promissor e, segundo estimativas da Roland Berger, tem potencial produtivo capaz de atender a mais de 100% do mercado de biometano. IEA prevê Brasil em 5º lugar Em relatório sobre as perspectivas para o mercado de gás a médio prazo (Medium- -Term Gas Report 2023), a Agência Internacional de Energia (IEA) dedica um capítulo ao biometano e prevê que o Brasil vai quadruplicar sua produção entre 2022 e 2026, representando mais de 10% do fornecimento incremental do gás renovável no mercado global no período. A estimativa é que a produção brasileira chegue a 0,8 bilhões de pés cúbicos/ano (ou 22,6 milhões de m3/ano) até 2027, tornando o Brasil o quinto maior produtor de biometano do mundo. No mix de oferta de matéria prima, os aterros devem responder por quase 60%, seguido pelo setor sucroenergético, com 32%, e resíduos agrícolas, com 8%. No mundo, a expectativa é que a produção cresça mais de 65% (ou 127 milhões de m3) entre 2022 e 2026. Europa e América do Norte deverão continuar a ser os principais impulsionadores deste crescimento, aumentando sua produção de biometano em cerca de 60% (ou 101,9 milhões de m3) ao longo do período. Em seguida virão Brasil, China e Índia. Produção de biometano em Santa Helena, PR
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