e-revista Brasil Energia 483

58 Brasil Energia, nº 483, 30 de outubro de 2023 entrevista André Vidal Head Óleo, Gás e Petroquímicos da XP Investimentos um pico e depois declinam. Eu acho que haverá um grande movimento de consolidação das petroleiras independentes. Pois é, fusões e aquisições das independentes parecem ser uma tendência incontornável do processo de consolidação do mercado. Tivemos a compra da Maha Brasil pela PetroReconcavo. Eu vejo, por exemplo, muitas sinergias entre a 3R e a PetroReconcavo, como a localização dos campos produtores e a infraestrutura associada… Quase impossível falar quem vai comprar quem, qual vai ser o desenho final. Isso depende de N fatores, mas é muito provável que uma consolidação ocorra nos próximos anos. Com o fim do desinvestimento da Petrobras, a etapa seguinte consiste em aliar sinergias entre as empresas. Mas tem outra questão que é a sustentabilidade futura da estratégia de negócios das independentes. Não dá para garantir o futuro apostando em campos maduros. Em algum momento, as petroleiras terão que apostar em investidas exploratórias. A PetroReconcavo já fez descoberta num poço exploratório da Bacia Potiguar, a 3R tem a descoberta de Malombe em águas rasas no Espírito Santo, a PRIO tem o prospecto de Maracanã… Se observarmos, as independentes já estão fazendo um “exploratório brownfield“. A empresa está lá, comprou uma área que já tinha uma acumulação, sabe que há um reservatório com potencial de agregar valor perto dali… Saindo do upstream, a XP iniciou recentemente a cobertura do setor petroquímico. No primeiro relatório, a empresa recomendou a compra da Unipar e conferiu recomendação neutra à Braskem. Diante disso, como a XP está vendo a disputa pela fatia da Novonor na Braskem? Essa novela da Braskem já dura mais de cinco anos. É uma ação que está tendo um comportamento muito volátil, por conta dos potenciais M&As, onde o flow muitas vezes não é formalmente confirmado por nenhuma das partes. Então, há uma volatilidade muito grande na ação. Aparentemente, a Petrobras não vai vender sua parte, mas também não vai exercer seu direito de preferência. Não posso garantir, mas é o que os executivos da estatal têm sinalizado ao mercado. O que a gente sabe é que agora tem o senador Renan Calheiros (MDB-AL) com a questão da CPI da Braskem. Em 2019, a previsão inicial de ressarcimento [do afundamento do solo em Alagoas devido à mineração de sal-gema] era algo em torno de R$ 3 bilhões, mas quando você olha o que tem de provisão mais o que já se foi pago já beira os R$ 14 bilhões, R$ 15 bilhões. E a gente não sabe se pode aumentar ou não. Por questões de governança, a Petrobras vai demorar a se decidir. Ela tem o direito de exercer o direito de preferência ou o tag along. Quem for comprar, tem que bater na porta da Petrobras e falar: “Petrobras, vou comprar esse stake da Novonor. Você vai exercer o direito de preferência? Vai exercer o direito de tag along?” Ela vai ter que se manifestar sobre isso. Tudo leva a crer – obviamente, a gente não está dentro do processo, muita informação é confidencial – que vai demorar. n

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