e-revista Brasil Energia 483

Brasil Energia, nº 483, 30 de outubro de 2023 51 uma reação do segmento à fraca atividade exploratória mundial acarretada pela transição energética. Pressionada por um cenário hostil de pandemia, transição e baixa dos preços do petróleo, a sísmica de exploração bateu no “fundo do poço”. Com margens apertadas, as empresas de geofísica viram seu poder de barganha derreter frente às petroleiras enquanto o volume de negócios em novos nichos de mercado, como CCS e eólica offshore, ainda não deslanchavam para compensar as perdas. Ainda em 2019, pouco antes da pandemia, mas já sentindo os reflexos da crise, a CGG decidiu abandonar o mercado de aquisição marítima, vendendo sua frota de navios para a Shearwater. A PGS, por sua vez, viu sua dívida crescer. Noutra ponta, contudo, a TGS arrematava a Spectrum, Magseis Fairfield e ION, consolidando sua presença nas sísmicas 2D e 3D e incorporando novos bancos de dados e a tecnologia de aquisição com nodes. Para driblar a crise, a competição deu lugar à cooperação. O exemplo vem do Brasil, onde a TGS se aliou à CGG para conduzir pesquisas sísmicas na Margem Equatorial e à PGS para fazer o mesmo na Bacia de Pelotas. “O ‘E’ do E&P ficou capenga, sem espaço. Para subir os preços, melhor se unir do que digladiar”, disse uma fonte. Na avaliação dela, a única chance de o mercado de sísmica se recuperar é se as tendências de alta do petróleo e de atraso no processo de transição energética se confirmarem. Caso contrário, as empresas tendem a desaparecer. “Ou vão falir ou serão incorporadas”, sentenciou. Dilemas Após uma primeira tentativa frustrada em 2020, quando ofertou US$ 600 milhões pela biblioteca de dados geofísicos da rival, a TGS arrematou a PGS por US$ 864 milhões. No pacote, levou uma carteira de sete navios. A questão é o que a TGS, uma provedora global de informação, fará com eles. “É a pergunta do milhão”, disse outra fonte. “Das duas, uma: se uma empresa sísmica possui navios, ou entra forte no mercado proprietário para ocupar as embarcações, ou toma o risco de realizar projetos de aquisição sem garantia de que conseguirá vendê-los depois.” Por mais que tenha aversão ao risco, ainda é cedo para dizer que a TGS irá se desfazer da frota. “O leque é muito maior, basta pensar que a compra da ION e sua tecnologia de OBN (Ocean Bottom Nodes) pode levá-la a utilizar os navios em pesquisas sísmicas proprietárias, projetos de nodes”, especula a fonte. Ainda que a fusão suscite mais dúvidas que respostas, é certo que a nova empresa fará investimentos em algorítimos e softwares para diminuir a distância da concorrente CGG, que ainda domina com folga os avanços tecnológicos nas áreas de processamento e imageamento de dados sísmicos. “O distanciamento já não é tão grande como era no passado, mas ainda assim

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