e-revista Brasil Energia 483

44 Brasil Energia, nº 483, 30 de outubro de 2023 bioenergia continua o BTG, a produção desse segmento deve chegar a 10 bilhões de litros em 2030, respondendo por 20% do total nacional. Para os autores do relatório, a razão para acreditar no etanol de milho, para começar, tem a ver com a produtividade das duas culturas. Enquanto a da cana de açúcar se estagnou nos últimos 15 anos, a do milho aumentou em 12% em um período de apenas 10 anos. Isso ocorreu por conta de investimentos em biotecnologia, avanços em maquinário e em tecnologias para permitir o melhor plantio e a colheita do milho de segunda safra, plantado como cobertura do solo durante a entressafra da soja no Centro-Oeste. “O milho de segunda safra deixou de ser apenas uma colheita acessória e se tornou uma cultura verdadeiramente rentável para os agricultores da região Centro-Oeste”, diz o BTG. Já a cana de açúcar, além da produtividade estagnada (medida pela quantidade de açúcar extraída para cada hectare), também viu os custos associados à colheita dispararem, aí incluindo diesel, custos de arrendamento, mão de obra, químicos e fertilizantes. “Em última análise, a economia do etanol de cana-de-açúcar tem se tornado cada vez mais pouco atraente, contrastando com a do milho”, escrevem os autores. Cerca de 9% da produção de milho nacional já é comercializada para a produção de etanol, por agricultores próximos das usinas. E mesmo sem a vantagem da cogeração de energia a biomassa de cana, como seu concorrente, o fato de não ter resíduos na produção também é uma vantagem para o etanol de milho. Isso porque o esmagamento do milho, além de produzir o amido que é transformado em etanol, também gera produtos valiosos, como o óleo de milho e principalmente o DDG, farinha rica em proteínas muito demandada como ração animal. Com base na análise das finanças reportadas por produtores dos dois segmentos de etanol, os analistas do BTG Pactual chegaram à conclusão de que os custos de produção do de milho ficam 16% abaixo do etanol de cana. Mea culpa A análise do banco contém até um mea culpa, já que os autores reconhecem em uma parte do texto terem sido céticos com os primeiros projetos de usinas de etanol de milho do Brasil. “Não poderíamos estar mais errados (…) Um dos aspectos que erroneamente ignoramos foram os subprodutos, particularmente o DDG, que cobre fortemente grande parte dos custos do milho, ao mesmo tempo em que mitiga fortemente a aparente falta de correlação entre os preços do etanol e do milho”, diz o relatório. O banco também reconhece os retornos muito mais rápidos, menos capital empregado e os menores riscos operacionais em comparação com o etanol de cana. Por fim, a perspectiva dos analistas é de que o mercado deve se manter mais competitivo, a se guiar que nos últimos dois anos o ebitda-capex do etanol de milho por litro vendido foi de R$ 1,27, contra R$ 0,91 da cana-de-açúcar. n

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