e-revista Brasil Energia 483

Brasil Energia, nº 483, 30 de outubro de 2023 113 Com selo de origem “made in Brazil“, o FlatFish, drone subaquático de inspeção autônomo desenvolvido inicialmente pela Shell/BG e o Senai-Cimatec, acaba de completar dez anos. O projeto, talvez o mais ambicioso já financiado com recursos da cláusula de P&D da ANP, reúne o que há de mais moderno no terreno da robótica submarina: inteligência artificial, processamento de dados e docagem no fundo do mar. Trata-se, afinal, de um “residente do fundo do mar”. Devidamente “alojado” em sua dock station, onde é capaz de permanecer por até seis meses sem emergir, o veículo recebe o comando da superfície e, de modo autônomo, percorre as instalações subsea, realiza inspeções visuais, envia os dados coletados e retorna para a sua “garagem”, onde faz a sua recarga e espera pela próxima missão. Apesar de ser um veículo autônomo, o design do FlatFish difere de um AUV (autonomous underwater vehicle) convencional. Este último, concebido na forma de um torpedo, se desloca apenas em trajetória retilínea. O FlatFish, entretanto, é capaz de se mover em todas as direções até 3 mil metros de profundidade. A maturidade do FlatFish foi colocada à prova num projeto-piloto conduzido no Parque das Conchas, ativo da Shell localizado na porção capixaba da Bacia de Campos, em lâmina d’água de 1.800 metros. Após os testes, a Saipem, responsável por capitanear as etapas de fabricação e comercialização do veículo, foi agraciada em 2023 com o maior prêmio concedido pela indústria offshore mundial, o Spotlight Technology, na OTC. De acordo com Rosane Zagatti, gerente de Tecnologia da Shell Brasil, a “joia da coroa” do FlatFish é o software. Segunda ela, a “inteligência” do veículo é obra do Senai-Cimatec, que se tornou referência nacional nas áreas de robótica e sistemas autonômos. “Do plano à execução, o FlatFish deixa um grande legado de capacitação e criação de competências no país”, orgulha-se a executiva. Novos mares Para 2025, a Shell planeja testar um novo sistema de monitoramento sísmico num campo do pré-sal. O projeto, que está sendo desenvolvido com a Sonardyne e o Senai Cimatec, utilizará nodes de fundo oceânico para registrar dados sísmicos de forma autônoma e sob demanda. O FlatFish, por sua vez, será empregado para ativá-los, conservando a bateria dos equipamentos, que permanecerão no fundo do mar por cinco anos. O sistema de monitoramento sísmico e o FlatFish têm algo em comum: ambos dispensam o emprego de embarcações de apoio, as quais podem custar até US$ 100 mil/dia, contribuindo com a redução de custos operacionais e de emissões de CO2. Para Zagatti, o FlatFish vai superar a fronteira subsea do óleo e gás no futuro, expandindo-se para operações em outros “mares”, como o da eólica offshore. “É um caminho sem volta”, garante. n

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