
Wahoo sai do papel depois de 13 anos
Sob operação da PRIO, projeto ganha forma e atrai a atenção da indústria com tie-back de mais de 30 km até Frade
A PRIO colocará em operação seu primeiro projeto offshore desenvolvido do zero, com Wahoo, ativo localizado no pré-sal da Bacia de Campos, que já passou pelas mãos da BP e Anadarko. Programado para entrar em operação no final do primeiro semestre de 2024, sem uma unidade de produção dedicada, o ativo será desenvolvido através de um sistema inédito de tie-back no Brasil de 33 km até o campo de Frade, também operado pela petroleira brasileira, e que já tem praticamente toda a parte do sistema de subsea contratada.
Depois de algumas idas e vindas ao mercado na tentativa de assegurar preços mais baixos diante do reaquecimento do setor, a PRIO conseguiu fechar as principais frentes do projeto. Ao invés do conceito tradicional de EPC, a companhia optou, no final das contas, por fazer contratações separadas por equipamentos, quebrando o processo e efetuando as aquisições diretamente com os fabricantes.
Em uma ação pouco convencional junto ao mercado fornecedor, a PRIO comprou, de forma isolada, umbilicais, manifold, bombas multifásicas, ANMs, riser/flow PO, umbilicais e outros equipamentos. Ao todo, com a estratégia, serão contratadas mais de dez empresas.
Segundo Francisco Francilmar, diretor de Operações da PRIO, o conceito de EPC não atendeu às necessidades de prazo e de custo do projeto. Antes de fechar as contratações, a companhia fez duas tentativas frustradas, tendo iniciado a primeira investida ao mercado em 2021.

“O primeiro orçamento que a gente fez de Wahoo ficou tão caro que tornava o projeto inviável. A partir disso, começamos a conversar com as empresas e a rever a nossa metodologia de contratação”, afirma o executivo.
Projetado para produzir 40 mil barris/dia de óleo, Wahoo é considerado um campo de economicidade apertada. A descoberta foi feita em 2008, quando a Anadarko ainda respondia pelo ativo, antes do projeto ser assumido pela BP, petroleira que efetuou a venda para a PRIO, em 2020.
Wahoo terá quatro poços produtores, que ficarão interligados ao FPSO de Frade, além de dois injetores. O sistema de tie-back de 33 km será desenvolvido com linhas rígidas de 9” de diâmetro e contará com bombas multifásicas que farão o bombeio da produção de Wahoo para Frade.
Já no segundo semestre de 2023, a PRIO começará a perfurar os primeiros poços de Wahoo. O plano inicial é utilizar a sonda Norbe VI, da Ocyan, que está operando em outros ativos da carteira, mas não é descartada a possibilidade de haver uma troca com a West Capricorn, sonda recém-adquirida pela petroleira.
O projeto será instalado em lâmina d´água de 1,3 mil m e produzirá um óleo de 30º API. O campo sustentará o platô de produção por pouco tempo, registrando declínio em poucos meses.
A produção conjunta de Wahoo e Frade totalizará, em 2024, 75 mil barris/dia de óleo.
Tie-back X modelo convencional
A opção pelo conceito de tie-back, de acordo com Francilmar, foi o modelo encontrado para aproveitar as sinergias com outros ativos da carteira e tornar o projeto viável do ponto de vista econômico. Sob esse conceito, a PRIO terá que investir US$ 800 milhões para desenvolver Wahoo, ao passo que se fosse instalar uma unidade na área seria necessário aportar de US$ 2,5 a US$ 3 bilhões.
Apesar do desafio de executar um tie-back de 33 km, o sistema tem não só um custo bem menor como também um prazo de implantação mais ágil. A opção pela produção conjunta de Frade e Wahoo aumentará, de acordo com Francilmar, o tempo de vida útil dos dois projetos em 15 anos.
Outra vantagem do tie-back, segundo o executivo, está relacionada à redução das emissões de CO2, a partir da decisão de não utilizar uma plataforma dedicada.
“Isso tem um impacto fabuloso para o meio ambiente”, declara Francilmar.
No que diz respeito aos desafios, Francilmar garante que a cada dia os gargalos do projeto vêm sendo derrubados. Hoje, segundo o executivo, o caminho crítico é garantir a entrega e instalação das linhas de produção, não havendo mais preocupação em relação à garantia de escoamento da produção.
Juntos, Wahoo e Frade produzirão até 2050. Hoje, Frade produz 35 mil barris/dia de óleo.
Localizado a 120 km da costa, Wahoo foi descoberto a partir dos trabalhos exploratórios realizados no bloco BM-C-30. O reservatório do campo possui 350 milhões de barris de óleo in place, sendo que a expectativa da petroleira é recuperar apenas 135 milhões.

Itaipu em análise
Além de Wahoo, a PRIO possui também o ativo de Itaipu (BM-C-32), adquirido da BP na mesma ocasião. A empresa segue avaliando uma forma de monetizar o projeto, cujo porte é ainda menor.
Vários cenários estão sendo analisados, sendo que a PRIO já previu uma boca de espera no manifold de Wahoo, caso futuramente opte por interligar Itaipu.
Com a entrada em operação de Wahoo em 2024, a produção total da PRIO atingirá a marca de 120 mil barris/dia de óleo. Atualmente, a companhia produz cerca de 50 mil barris/dia, oriundos dos campos de Polvo, Frade e Tubarão Martelo. Em breve, a petroleira assumirá a produção de Albacora Leste, recém adquirido no programa de desinvestimento da Petrobras.
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