Voltalia avança com um projeto para produção de H2V na Bahia

Iniciativa pretende descarbonizar indústria de siderurgia no estado, adiantou Ewerton Calixto, gerente de projetos de hidrogênio da empresa

A Voltalia avança com um projeto na Bahia para produção de hidrogênio verde, visando a descarbonização das indústrias siderúrgicas do estado.

Ewerton Calixto, gerente de projetos de hidrogênio da empresa, afirmou ao EnergiaHoje que estão em andamento tratativas com players do setor para fechar um estudo de viabilidade a ser lançado ainda este ano, com expectativas de investimentos para 2024.

Calixto participou do painel “Tendências e Desafios do novo mercado de Hidrogênio Verde”, no quarto dia da Rio Innovation Week, realizada no Píer Mauá (RJ), na quarta-feira (4). 

Na ocasião, o executivo apresentou duas perspectivas distintas de entrega de hidrogênio: com e sem inovação. Segundo ele, “sem inovação” refere-se ao fornecimento direto do produto para indústrias já consumidoras, enquanto “com inovação” envolve um desenvolvimento tecnológico mais prolongado e caro, principalmente por conta do chamado “prêmio verde”, focado em práticas e produtos mais sustentáveis.

“Atualmente, a Voltalia e outras empresas, buscam a entrega sem inovação, fornecendo hidrogênio verde, que já tem o preço um pouco mais elevado do que o hidrogênio cinza, para setores que já o utilizam, como de fertilizantes, siderúrgico e refinarias”, destacou. Entretanto, o desafio é integrar esse item aos processos industriais, como na produção de aço e cimento, para atender à “demanda real”.

Calixto ressaltou que, hoje, as siderúrgicas emitem significativas quantidades de CO2, e que a redução direta dessa emissão é o que ele chama de uso do hidrogênio com inovação, por meio de um processo que requer captação tecnológica. Por exemplo: o H2V tem potencial para gerar calor para converter minério de ferro em aço, especialmente ao substituir fornos tradicionais por elétricos movidos a energia limpa e renovável.

“Diversas empresas no setor siderúrgico estão mapeando a redução direta do minério de ferro para aço. Há uma grande necessidade grande de desenvolver essa tecnologia”, afirmou.

Ele mencionou países como Canadá, Suécia e Japão, onde já existem plantas piloto para produção de aço verde, mas ressaltou que, no Brasil e no mundo, ainda há um caminho a percorrer em termos de desenvolvimento tecnológico.

Para Ansgar Pinkowski, diretor de transição energética e sustentabilidade na AHK Rio, algumas indústrias têm dificuldades em substituir essas fontes fósseis, principalmente a siderúrgica e a cimenteira. “Na produção de aço, o uso de minério de ferro e coque, à base de carvão, resulta em elevadas emissões de CO2”, observou.

Pinkowski citou a Vale como exemplo de empresa que busca fornecer um minério diferenciado para possibilitar esse processo. Quanto à indústria cimenteira, ele reconheceu que há grandes obstáculos devido às altas emissões de CO2 na transformação do próprio cimento, mas ressaltou que existe uma abordagem em estudo, que visa capturar e reutilizar esse gás para outros fins, visando um ciclo fechado de emissão e reutilização.

“Esses são apenas dois exemplos, mas há diversos outros setores industriais. Estamos trabalhando em todas as áreas da economia em busca de formas alternativas de descarbonização”, concluiu Pinkowski.


Matéria publicada originalmente no EnergiaHoje em 5 de outubro de 2023.

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