Testes do Hisep vão determinar expansão de Libra
Se tiver sucesso num projeto-piloto, a Petrobras vai incluir o equipamento no Plano de Avaliação de Descoberta (PAD) de Libra Central e utilizá-lo no desenvolvimento complementar de Mero
A Petrobras avança no desenvolvimento do Hisep para incluí-la no programa de avaliação da descoberta (PAD) da área de Libra Central, uma nova aposta da empresa na região de pré-sal da Bacia de Santos. A intenção é que, comprovada a sua viabilidade, a tecnologia seja apresentada à ANP como uma iniciativa a ser inserida no programa de trabalho da área.
O Hisep, patenteado pela Petrobras, é uma tecnologia de separação submarina do gás produzido com alto teor de CO2. Após segregado do restante do volume extraído, o gás é reinjetado no reservatório por meio de bombas centrífugas. A principal função da tecnologia é reduzir o volume de dióxido de carbono na planta de processamento das plataformas. Como consequência, cresce a produção de óleo, ao mesmo tempo em que cai a emissão de CO2.
Atualmente, está em andamento a licitação para contratar o equipamento piloto do Hisep, que poderá validar o que foi simulado em laboratórios de universidades. Participam da concorrência, grandes empresas de desenvolvimento de tecnologias de sistemas subsea, como a TechnipFMC, Aker Solutions e One Subsea. Como antecipou o PetróleoHoje, as propostas apresentadas giram em torno de US$ 600 milhões.
A empresa que vencer a concorrência responderá também pela instalação de 12 km de linhas rígidas, 8 km de dutos flexíveis e 25 km de umbilicais. O edital ainda prevê o fornecimento do separador, bomba de injeção, linhas e todos os equipamentos, além da conexão do sistema com a unidade de produção.
A expectativa é concluir em 2028 os testes no projeto-piloto do Hisep em Mero 3. Se a iniciativa for bem-sucedida, a tecnologia será replicada em campos com alto teor de CO2. A decisão sobre utiliza-la ou não será avaliada caso a caso, em cada reservatório. Mas, como o maior volume de gás com CO2 está concentrado no pré-sal, a perspectiva é de que seja usada em maior escala na região.
“Essa é uma tecnologia na prateleira da Petrobras. Há a possibilidade de uso em vários campos. Mas serão necessários estudos específicos para cada projeto”, afirmou o gerente executivo de Libra, João Jeunon. Segundo ele, será um grande avanço se o projeto piloto estiver maduro em cinco anos.
Concluída a primeira fase de Mero, de implantação do Hisep e de outras tecnologias, como o sistema permanente de sísmica 4D, além da instalação das quatro FPSOs, a Petrobras passará a trabalhar em desenvolvimentos complementares do campo, com a interligação de novos poços. Para isso, está prevista a instalação de novos equipamentos do Hisep para agregar volume e capacidade ao reservatório.
“Os possíveis volumes adicionais estão em estudo e dependem da evolução da tecnologia”, disse Jeunon.
As quatro unidades contratadas para Mero têm capacidade total de 720 mil bpd e o pico de produção está previsto para acontecer até o início de 2026. Estão contratados os FPSOs Guanabara (já em operação), Sepetiba, Marechal Duque de Caxias e Alexandre Gusmão.
A próxima instalação será do FPSO Sepetiba. O cronograma prevê a retirada 40 mil bpd do primeiro de 16 poços no fim do ano. Na primeira etapa, que ocorrerá a partir deste ano e se estenderá até 2024, serão instalados seis poços produtores e seis injetores. O pico de produção está previsto para 2025. Todos os equipamentos e serviços necessários à implantação da plataforma já foram contratados.
Matéria originalmente publicada no PetróleoHoje em 8 de setembro de 2023.
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