Opinião

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável dentro das estratégias empresariais

Planejamentos estratégicos das organizações devem incorporar as metas dos 17 ODS

Por Wagner Victer

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Seguindo as orientações da Conferência Rio +20, a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, em 2015, elaborou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável também conhecidos pela já consolidada sigla ODS, que são as 17 Metas Globais da chamada de “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.

Os ODS foram criados para orientar políticas públicas e empresariais, posturas institucionais e pessoais e consequentemente as atividades de cooperação internacional para os próximos 10 anos. Na prática, os ODS sucederam e atualizaram os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, então conhecidos como ODM.

O Brasil participou ativamente de todas as sessões de negociação intergovernamental através das quais foram definidas 169 metas, distribuídas entre os 17 ODS. Os temas transcendem a política pública e muitas passam por questões como a saúde, educação, igualdade de gênero, erradicação da pobreza, saneamento, energia, crescimento econômico sustentável, infraestrutura, redução das desigualdades, padrões sustentáveis de consumo e produção, mudança de clima, uso sustentável de oceanos e de ecossistema terrestre entre outros.

Nunca é demais lembrar que, como os ODS surgiram em função de um acordo de cooperação internacional, grandes corporações, especialmente na área de Energia e Petróleo, devem também orientar seus planejamentos estratégicos, para alinhá-los à essas metas contemporâneas e demonstrar a sua contribuição efetiva. Este deve se tornar um valor importante para as empresas perante a sociedade, seus clientes e colaboradores.

Na elaboração de planos estratégicos é fundamental para qualquer organização relacionar sua efetiva área de atuação, seu papel empresarial e as ODS, especialmente em políticas voltadas a sustentabilidade e de responsabilidade social.

É claro, cada ODS terá um papel mais relevante a depender do tipo de organização. Por exemplo, uma empresa de saneamento tem o objetivo sobre a Àgua Limpa e Saneamento (ODS 6) logicamente relacionado à sua atividade principal. Já uma organização na área de petróleo e energia terá sua atuação mais diretamente ligada ao ODS 7, sobre Energia Acessível e Limpa.

Fato é que, independente da empresa estar mais fortemente relacionada a algum objetivo específico, certamente todos os ODS devem ser conhecidos e, se possível, relacionados às atividades da organização. Não é por outra razão que grandes corporações internacionais já buscam permanentemente relacionar a sua política empresarial com os 17 objetivos estabelecidos.

É fundamental, para que exista a percepção não só pela alta gerência, mas por todo o corpo de profissionais de uma organização, que sejam promovidos treinamentos e palestras sobre o tema, aumentando a sensibilização sobre como, no dia-a-dia, se relacionar com ou fortalecer alguma atividade da organização.

Neste cenári, é extremamente preocupante o conhecimento ainda pouco consolidado no país. Em palestra recente para um grupo de executivos e empresários, ao realizar uma pergunta provocativa ao plenário presente percebi que poucos conheciam os ODS, sua origem e tampouco sua existência.

Em momentos críticos como a grave crise econômica pela qual passamos, alinhada às graves consequências relacionadas à pandemia da Covid-19, a visão empresarial de uma organização moderna deve passar pela percepção desse compromisso internacional, dentro dos valores que devem ser perseguidos. Em especial na indústria do petróleo, não só por sua dimensão, mas por suas atividades e históricos problemas relacionados ao meio ambiente e, consequentemente, à busca de uma maior sustentabilidade, tais princípios devem ser profundamente internalizados nos diversos níveis de gestão, em especial nos colaboradores da organização.

Wagner Victer é Engenheiro, Administrador, Ex-Secretário de Estado de Energia, Indústria Naval e do Petróleo, e Ex-Conselheiro do CNPE

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