Opinião

O mercado de FPSO passa pelo Brasil

Crescimento da demanda por navios-plataforma exigirá evolução, preparação e capacitação no setor

Por Jorge Mitidieri

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O mercado de FPSO no Brasil tem grandes perspectivas de crescimento para os próximos anos. A expectativa é que até 12 novos contratos sejam assinados até 2021/22 e que até 26 FPSOs entrem em operação até 2026 – isso sem considerar as áreas de exploração arrematadas nas rodadas de 2017 a 2019.

Vamos perceber essa efervescência no maior evento do setor no país, o FPSO Congress Brazil, cuja terceira edição vai abordar desde o desenvolvimento e execução do projeto até as operações, focando em novos negócios, maximizando a capacidade da indústria local.

A retomada das rodadas em 2017 pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que resultou em mais de 60 blocos arrematados, e a mudança do foco estratégico da Petrobras para águas ultraprofundas despertaram interesse de outras empresas, tanto nacionais quanto estrangeiras, para aquisição de campos e plataformas. Alguns exemplos são a venda dos campos de Baúna e Frade à Karoon e PetroRio, respectivamente, assim como o aumento do portfólio pelas grandes companhias petrolíferas internacionais (IOCs), como Equinor, Shell, Exxon e Total.

Ainda no atual contexto, outras empresas conquistaram seus primeiros blocos como operadora. A Petronas, com um, a Chevron, com três blocos, e a Exxon, com a aquisição de 17 blocos. Novos entrantes, como a Wintershall e BW Energy, também estão sendo atraídas por blocos maduros e de águas rasas.

O crescimento do mercado offshore reforça a perspectiva de um futuro promissor para o setor no país. A vinda das empresas estrangeiras movimentará a cadeia: contratos serão assinados no curto, médio e longo prazos. O enorme potencial dos campos de Mero e Búzios cria uma larga escala, trazendo maior previsibilidade a esses fornecedores.

Muitos vão surgir e outros tantos precisarão estar capacitados para suprir toda a demanda que virá pela frente. Mas exemplos como o do FPSO Pioneiro de Libra, parceria da Ocyan com a Teekay Offshore, demonstram o conhecimento e a capacidade dos fornecedores para atender a processos complexos. Diante do mercado que se aproxima, a cadeia tem que estar preparada para atender à quantidade de FPSOs prevista para os próximos anos. Preocupação mundial

Atualmente, 28 FPSOs estão em construção no mundo e a expectativa é que 15 novos contratos sejam assinados ainda em 2020. A crescente demanda mundial, combinada com o número restrito de operadores, é uma das principais preocupações da indústria, além da restrição de capital, que é considerada um grande gargalo do setor, sobretudo no Brasil.

A construção de um FPSO demanda elevado volume de capital, exigindo de algumas empresas a apresentação de garantias de financiamentos na fase de construção de projeto, cada vez mais difíceis neste cenário atual.

O dinamismo do setor, com a retomada das encomendas, ocorre em um momento de crescimento também no campo da inovação tecnológica. A nova realidade da indústria 4.0 – sob a égide de novos paradigmas como IoT (Internet of things), Big Data e Machine Learning – apresenta projetos com maior segurança de processos, integração de sistemas, redução de custos em manutenção e melhora de performance, melhor atendimento ao cliente. O programa Ocyan Waves Challenge, lançado no ano passado, promove a integração de startups na solução de desafios operacionais, ocasionando melhoria de performance e redução de custos operacionais.

Felizmente, para o nosso país, o mercado de FPSO passa pelo Brasil, exigindo evolução do setor, preparação e capacitação para a demanda crescente.

*Jorge Mitidieri é vice-presidente de Serviços Integrados da Ocyan

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