Opinião

Novos Engenheiros para a Indústria do Petróleo

Ainda existe forte afastamento institucional de grandes corporações do processo de formação

Por Wagner Victer

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Ao longo de 2018 tive oportunidade, ainda como Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, de participar ativamente da discussão das novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Engenharia no Brasil com o Conselho Nacional de Educação (CNE). Na ocasião tiveram também forte participação várias instituições: a FGV, os diversos Conselhos Regionais  de Engenharia, a Academia Nacional de Engenharia e o Clube de Engenharia, além das tradicionais Universidades que  formam engenheiros como UFRJ. IME, entre outras do país.

Independente das discussões que se consolidaram na formação de profissionais, o chamado Ciclo Básico, que suscitaram apaixonadas discussões, houve uma grande convergência, que consolidou a percepção de que atividades complementares e extracurriculares deveriam fazer parte da formação do profissional de Engenharia, sendo ele um dos principais insumos de Recursos Humanos para diversos segmentos da cadeia econômica em nosso país, em especial para a Indústria do Petróleo.

O fato é que, não obstante a participação da CNI na discussão, ainda existe um forte afastamento institucional de grandes corporações nesse processo de formação, que se configura como um grande canal de oportunidade para estas corporações avançarem e abandonarem a filosofia limitada a um programa de Trainées e Estágios. Aliás, tal postura já é antecipada em outros segmentos econômicos, em especial no Mercado Financeiro, que já busca seus talentos nas fases bem iniciais de formação do profissional.

No momento em que caminhamos para novas oportunidades na Indústria do Petróleo no Brasil, devido ao calendário dos leilões, cessões, repotencialização de campos maduros e até o início do ciclo de descomissionamento, certamente teremos o ressurgimento de oportunidades para novos profissionais nessa indústria demandando estratégias diferenciadas de aquisição de talentos.

Recordo, no início do desenvolvimento da Bacia  de Campos e da consolidação  de parque de refino e dutos no país, na década de 1970, através da Petrobras, o exemplar trabalho realizado através de convênios, com diversas universidades do país, onde alunos, ainda sob o processo de graduação, tinham o complemento da sua grade curricular no contra turno, com a oferta de disciplinas formativas da Indústria do Petróleo.

Com as novas oportunidades que se colocam para o futuro, e com a tendência que atividades extracurriculares nas novas diretrizes  funcionem como horas complementares na grade de formação dos profissionais da Engenharia, é fundamental a reflexão pelas diversas áreas de Recursos Humanos para que modelos largamente utilizados no exterior como “estágios de verão”, cursos complementares em regime presencial e EAD (Ensino a Distância), palestras, visitas técnicas, sejam desenvolvidos em parcerias com as principais universidades, já despertando o interesse de jovens graduandos  para o setor e gerando oportunidades para a indústria identificar antecipadamente potenciais talentos.

Exemplificando, me surpreendeu positivamente a criatividade de um grande fabricante para a Indústria do Petróleo que, na última edição da OTC Brasil, realizada no Rio de Janeiro, desenvolveu no seu stand uma competição de três dias, tipo “Hackathon”, para jovens desenvolverem soluções criativas de Engenharia para um problema apresentado. Da mesma forma, me causou estranheza o fato de poucos jovens terem visitado o evento, considerando sua magnitude. Deveria haver um programa de visitas guiadas, organizadas e executadas por profissionais seniores de empresas do segmento.

Cada vez mais, o diferencial de sucesso em diversos segmentos econômicos é a forma de pensar, atuar, criar e desenvolver soluções e não somente através em processos focados na incorporação constante de bens de capital. O Ativo Imobilizado perde espaço para o Ativo Intangível do conhecimento e, portanto, estratégias para identificação e formação de novos talentos, em especial nas áreas voltadas à tecnologia, como a Engenharia, serão demandadas.

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