Mercado de armazenamento de energia deve crescer 84% no Brasil até 2030

Levantamento da A&M Infra mostra que, no país, são esperados investimentos próximos de R$ 20 bilhões em sistemas de armazenamento via BESS até 2030

Levantamento realizado pela A&M Infra, área da Alvarez & Marsal que coordena projetos de infraestrutura, aponta um crescimento de mais de 30% ao ano da capacidade global acumulada de armazenamento estacionário de energia (em GW), com investimentos que somam cerca de US$ 106 bilhões, até 2030, em todo o mundo.

Segundo Rafael Rodrigues, sócio-diretor da A&M Infra e coordenador do estudo, esse aumento da demanda poderá resultar na maior necessidade de armazenamento de energia. “A projeção de crescimento no Brasil é de mais de 84% ao ano de capacidade de armazenamento (em MW) até 2030, com investimentos esperados próximos de R$ 20 bilhões em sistemas de armazenamento via BESS até 2030”, afirma ele.

O estudo considera que haverá a materialização da tendência apontada no Plano Decenal de Energia (PDE 2031), da EPE, de redução da participação das usinas hidrelétricas dos atuais 57% para 45% até 2031, elevando a capacidade do fornecimento de energia eólica e solar no país. De acordo com o levantamento, o mercado de armazenamento de energia encontra-se em grande expansão em países como Estados Unidos e alguns países da América Latina.

As baterias podem realizar funções ligadas a empreendimentos de geração, transmissão, distribuição e prestação de serviços ancilares, ao mesmo tempo que servem como geradores quando liberam a energia armazenada, aplicadas tanto no sistema interligado nacional quanto em sistemas isolados.

Os projetos de armazenamento no Brasil foram impulsionados em 2016 quando a Aneel, através de P&D estratégico, forneceu as condições iniciais de desenvolvimento de base tecnológica e infraestrutura de produção nacional para inserção do BESS no setor elétrico brasileiro. Os projetos em operação seguem apoiando no desenho da regulamentação e ampliando entendimento da solução. Já são 20 projetos em estágio inicial de avaliação, tendo capacidade instalada total de 83,2MWh.

Custos de implantação do BESS em queda

Existem diferentes tipos de soluções de sistemas de armazenamento, que podem fornecer energia de curto prazo ou por um período mais longo. O BESS (Sistema de Armazenamento de Energia a Baterias) é atualmente a solução adotada em mais de 95% dos projetos de larga escala, dado seu rápido tempo de resposta e grande capacidade energética, predominando as soluções de baterias com íons-lítio, que apresentam menor tempo de descarga, maior eficiência e vida útil.

Com os avanços da tecnologia e ganhos de eficiência, os custos de implantação do BESS vêm caindo e acumulam 43% de redução desde 2017. Em 2022, a alta das commodities gerou pela primeira vez aumento nos custos. Ainda assim, é esperada a retomada nas reduções ainda no curto prazo, contribuindo para a viabilidade econômico dos projetos de armazenamento, sejam eles associados a projetos de geração ou ao grid de transmissão.

Para Rodrigues, o armazenamento de energia é essencial para estabilizar a produção das fontes não controláveis, contornando os impactos da intermitência destas fontes, de forma a evitar perdas de potência e a reduzir a ineficiência do grid de transmissão. “O sistema permite capturar o excesso de energia gerada durante períodos de baixa demanda e liberá-la quando a demanda é alta, aumentando a eficiência na transmissão de energia, melhorando a viabilidade dos projetos de geração e reduzindo os custos de operação do sistema integrado nacional”, completa.


Matéria originalmente publicada no EnergiaHoje em 20 de setembro de 2023.

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