Itapu, o próximo campo gigante

Projeto entra em operação, inaugurando a produção do campo da cessão onerosa e confirmando a alta produtividade do primeiro poço

A atenção da Petrobras no segmento de desenvolvimento da produção está voltada ao projeto de Itapu, que entrou em operação no final do ano passado, através da P-71, último FPSO da série de replicantes. Oriundo da cessão onerosa, o novo sistema agregará, ao longo dos próximos 25 anos, um volume de cerca de 600 milhões boe.

Operando interligado, até o momento, a um único poço produtor, o 1-RJS-704, o campo vem produzindo 53 mil barris/dia de óleo. A projeção da Petrobras é de alcançar, no final do ano, o pico de produção, com um volume de cerca de 150 mil barris/dia de óleo.

O volume de produção do primeiro poço produtor de Itapu é expressivo, até mesmo se comparado a outros campos do pré-sal. Segundo dados da Petrobras, o poço do cluster que registou maior produção até hoje foi o ATP-6, no campo de Atapu, que registrou a marca de 56,5 mil barris/dia de óleo

Localizado na parte central da Bacia de Santos, Itapu é o último sistema novo da cessão onerosa a iniciar produção. A Petrobras tem programada a entrada em operação de novos FPSOs nos campos de Búzios, Sépia e Atapu, mas os três já estão em produção e contam com outras unidades em produção.

Itapu terá apenas um único FPSO, que ficará interligado a um total de 12 poços (oito produtores e quatro injetores), sem a programação de entrada em operação de outros módulos. O sistema vem produzindo óleo tanto da parcela da cessão onerosa quanto da fatia do excedente, seguindo os percentuais estabelecidos no acordo de coparticipação de 51,7% da cessão onerosa e 48,29% da partilha de produção.

O desenvolvimento e a implantação do sistema de produção de Itapu exigiu o aporte de US$ 3,4 bilhões em investimentos.

Injeção e cronograma poços

A Petrobras trabalha, no momento, na interligação do primeiro poço injetor de água e gás, o segundo do projeto. A entrada em operação do poço injetor permitirá que a Petrobras deixe de queimar o gás do campo, possa interligar novos poços produtores e, futuramente, possa enviar o volume produzido para terra.

Batizado internamente de 9-ITP-02, o poço será conectado até março.  A Petrobras já interligou o umbilical do poço injetor.

Com o sistema todo completo, a Petrobras irá interligar novos poços à P-71. A meta é ter cinco poços em operação até o final do ano.

O próximo poço da lista, depois que o processo de injeção estiver estabilizado, será um novo produtor, que será interligado no segundo semestre. O segundo poço produtor de Itapu está previsto para ser interligado no segundo trimestre.

Em seguida, até o final de 2023, outros dois poços serão conectados à P-71, sendo um produtor e outro injetor. O pico de produção do sistema será atingido a partir da entrada em operação do quarto poço produtor, o 7-ITP-5D-RJS, programado para ser conectado no segundo semestre.

Ao longo de 2024 e 2025, a Petrobras prevê a interligação de seis poços. O último poço do sistema será interligado apenas em 2027.

Mesmo após a entrada em operação do poço injetor, a Petrobras seguirá sem escoar o gás produzido no projeto para a costa. A projeção da área de Desenvolvimento da Produção da petroleira é de que o sistema de escoamento de gás deverá estar disponível apenas em 2025.

A produção atual de gás da P-71 é de cerca de 579 mil m3/dia. O volume injetado a partir da entrada em operação do poço injetor deverá ser de cerca de 300 mil m3/dia de gás.

Embora o cronograma preveja que todo o sistema de escoamento de gás estará pronto a partir de 2025,  a P-71 só começará a exportar gás para a costa em 2035. Segundo a área de E&P da Petrobras,  estudos de simulação de reservatórios realizados em Itapu indicaram que a injeção de gás até essa data irá assegurar uma maior recuperação de óleo na jazida.

A estratégia de privilegiar a injeção de gás na jazida tem foco direto na premissa de manter a pressão do reservatório.

O gás produzido em Itapu será escoado, futuramente, através do gasoduto Rota 2. A projeção é de que a P-71 exporte  cerca de 2,5 milhões de m3/dia de gás

 Antecipação da produção

A entrada em operação da P-71 foi antecipada de 2023 para 2022. O FPSO foi originalmente concebido para operar no campo de Tupi, também localizado na Bacia de Santos, sendo que em 2020, quando a obra de conversão já estava em curso, a Petrobras decidiu realocar a unidade para o campo de Itapu.

De acordo com Mariana Cavassin Paes, gerente executiva de Desenvolvimento de Projetos da Petrobras, o caminho crítico para a transferência da P-71 era a adequação da plataforma replicante para outro campo. A petroleira conseguiu fazer todas as aquisições necessárias em prazos menores.

Mariana Cavassin Paes, gerente executiva de Desenvolvimento de Projetos da Petrobras

“Fomos mitigando os riscos ao longo do processo. De fato, a gente conseguiu executar as contratações necessárias para a adequação em tempo menor, ainda com a unidade na China, depois que decidimos transferir a P-71 de Tupi para Itapu”, declarou a executiva da Petrobras.

A decisão de transferir a P-71 para Itapu foi aprovada em outubro de 2020. Na ocasião, foi assinando acordo de ressarcimento com a Shell e com a Galp, suas parceiras no consórcio de Tupi.

A estratégia foi impulsionada pela avaliação de que a realocação permitiria antecipar o primeiro óleo do campo, deixando de lado a intenção inicial de contratar e construir uma unidade nova.

“Olhamos o portfólio da companhia e avaliamos a aplicação no projeto onde estava e em Atapu. A melhor aplicação para a companhia era Itapu e possibilitava ainda a antecipação do primeiro óleo”, detalhou a gerente executiva.

Na ocasião da decisão, a obra de construção do FPSO estava avançada, com cerca de 90%. A transferência de Tupi para Itapu exigiu adaptações técnicas na planta de produção e de processo.

Como Itapu tem menor teor de CO2 e uma razão gás-óleo (RGO) mais baixa que Tupi, ainda que os fluidos cheguem à unidade com uma temperatura maior, foi necessário fazer adequações técnicas no trocador de calor, bomba de serviço, linhas de poços, skid de injeção de produtos químicos e substituição do flare tip.

“Basicamente, hibernamos alguns módulos e removemos outros. O sistema de CO2 não era mais necessário e tivemos que colocar outros sistemas para suportar tanto os poços de alta vazão quanto o fluido com maior temperatura”, afirmou Mariana Cavassin Paes

Aprendizado da P-71

A construção da P-71 foi considerada um marco para a Petrobras. Última unidade da série de replicantes, que começou com a P-66, o FPSO incorporou diversos aprendizados acumulados ao longo dos cerca de dez anos de construção das outras plataformas.

A avaliação da Petrobras é de que o resultado final da P-71 prepara a empresa para os desafios de novas unidades em construção no momento para entrar em operação.

A obra de integração da P-71 foi realizada no estaleiro Jurong, em Aracruz, no Espírito Santo. O FPSO tem capacidade para produzir 150 mil barris/dia de óleo e 6 milhões de m³/dia de gás.

O início da obra foi realizado no estaleiro CIMC Raffles, na China. A P-71 chegou ao Brasil em 2020, sendo levada diretamente para o estaleiro Jurong.

 

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