Gasodutos podem impulsionar mercado no Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Construção dos sistemas da TMN e TGBC depende da contratação das termelétricas previstas na lei de privatização da Eletrobras, cuja demanda serviria como consumo âncora
O mercado de gás natural em estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste podem se desenvolver a partir da construção de novos gasodutos de transporte, como o da TMN (Meio Norte) e da TGBC (Brasil Central). O CEO da Termogás, José Carlos Garcez, explicou ao EnergiaHoje que a contratação termelétrica estabelecida na lei de privatização da Eletrobras (nº 1.4182/2021) pode incentivar a implementação da nova malha.
As usinas servem como consumo âncora nos estados para expansão da rede, pois justificam a construção de gasodutos em novas regiões. Uma possibilidade em estudo é a construção de um trecho do Meio Norte, com 260 km de extensão. De acordo com Garcez, a proposta é interligar o porto de Itaqui, em São Luiz, até Santo Antônio dos Lopes – onde está o Complexo da Parnaíba, da Eneva.
Para ampliar o mercado de gás no Maranhão, o executivo informou que serão investidos R$ 150 milhões nos próximos cinco anos. Do total, R$ 70 milhões estão contratados e com conclusão de obras previstas para 2024. A previsão é construir entre três a cinco postos de GNV e entrar no mercado residencial.
A Gasmar apresenta contratos com a Vale do Rio Doce (250 mil m³/dia), que consolida o uso do gás natural nas plantas de pelotização. De acordo com o Garcez, estão em negociação contratos com a Alumar (950 mil m³/dia) e Suzano (150 mil m³/dia).
Outro projeto previsto no estado é a construção de um terminal de GNL, fruto de um acordo entre Servtec (49%) e Eneva (51%). Conforme publicado no PetróleoHoje, o contrato prevê que as empresas têm até 30/12 para desenvolver, gerenciar e explorar o empreendimento por meio de um joint venture.
O Piauí também pode ser beneficiado com o gasoduto da TMN, pois ainda não há fornecimento de gás natural na região. “A expectativa é que esse gás venha de Fortaleza através do Meio Norte, ou pode inverter o fluxo do gasoduto de Itaqui para o gás descer para o Piauí”, explicou.
Região Norte
Também há a possibilidade de implementação do gasoduto TNG, que levará gás natural de Urucu (AM) até Porto Velho (RO) para consumo termelétrico. Enquanto as obras não começam, a Companhia Rondoniense de Gás (Rongás) continua sem distribuição de gás.
O Amapá também não fornece gás aos clientes e, segundo Garcez, a Companhia de Gás do Amapá (Gasap) depende do desenvolvimento do segmento termelétrico. A Eletronorte tem três usinas na região que estão interessadas no gás de Barcarena (PA), fornecido pela NFE.
O executivo comentou que o GNL pode ser transportado do Pará até o município de Santana (AP) por meio de uma balsa ou um navio de menor porte. “A Gasap já tem dois termos de compromisso assinados com dois investidores e pretende negociar com mais outro”, comentou.
Com expectativa de iniciar o atendimento ainda no segundo semestre, a Companhia Gás do Pará firmou contratos com a NFE para receber GNL via navios metaneiros no terminal de Barcarena. Há estudos em desenvolvimento para distribuir o combustível em Belém e na região metropolitana da capital paraense.
A concessionária também planeja fornecer GNV para taxistas e motoristas de aplicativos da região metropolitana de Belém e Barcarena. O governador do Pará, Helder Barbalho, decidiu que uma parte da frota do BRT (Ônibus de Transporte Rápido, em português) metropolitano será abastecida com gás e a outra com energia elétrica.
Região Centro-Oeste
Até o final do ano, Garcez espera conseguir um novo licenciamento ambiental do gasoduto da TGBC (Brasil Central). A primeira licença venceu em 2019 e a Termogás tenta uma nova autorização pelo Ibama há quase quatro anos. Agora, está em andamento o estudo de prospecção arqueológica da região.
O gasoduto vai interligar o município de São Carlos (SP) até Brasília. A construção do sistema depende das térmicas dispostas na lei da Eletrobras, cuja resolução prevê 1.250 MW tanto em Goiás quanto em Brasília.
Segundo o executivo, a Companhia Brasiliense de Gás (Cebgás) tenta renegociar o contrato de fornecimento de gás natural com a GásLocal. O estado conta atualmente com um posto automotivo, mas há expectativa de desenvolvimento do segmento.
Já em Goiás, o fornecimento de gás natural da GásLocal foi interrompido. “Mas estamos com expectativa de retomar a distribuição no estado com a lei da Eletrobras”, completou.
O Brasil Central também vai passar pelo município de Uberaba (MG), que tem um projeto de fertilizantes com consumo estimado de 5 milhões de m³/dia de gás natural. Garcez disse que, ao somar a demanda da planta com as duas termelétricas previstas para Goiás e Brasília, o gasoduto pode conseguir transportar uma capacidade de 15 milhões de m³/dia.
Matéria originalmente publicada no EnergiaHoje em 28 de agosto.
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