Opinião

Futuro promissor para o desenvolvimento sustentável

Na reta final de 2020, nosso primeiro pensamento é agradecer. É o momento também de avaliarmos o ano, para que possamos entrar em 2021 com uma visão alinhada ao desenvolvimento sustentável

Por Claudia Bethlem

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Se a pandemia de Covid-19 trouxe estresse para todos os setores da nossa vida, a área ambiental recebeu alguns desafios a mais, talvez causados por uma percepção diferenciada sobre a questão ambiental no mundo.

Enquanto a desaceleração econômica resultante da pandemia reduziu temporariamente as emissões de gases de efeito estufa, os níveis de dióxido de carbono, óxido nitroso e metano ainda estão aumentando, com recorde na quantidade de CO2 na atmosfera. Apesar dessa tendência preocupante, prevê-se que a produção de combustíveis fósseis - responsável por uma proporção significativa dos gases com efeito de estufa - continue a crescer.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou recentemente que “a luta contra a crise climática é a principal prioridade para o século 21”. Segundo ele, “a mudança para uma economia verde criará empregos e um ganho econômico direto de US$ 26 trilhões até 2030, em comparação com os negócios normais. E é provável que seja uma estimativa conservadora”.

Como faremos para aumentar a produção e ao mesmo tempo reduzir as emissões? O que sabemos é que as energias renováveis são mais limpas e mais acessíveis do que o carbono fóssil.

A boa notícia é que a tecnologia para chegar ao net zero existe e é acessível. Em 2021, a corrida para tornar realidade todos os compromissos e metas dos países e das grandes empresas na redução de suas emissões de gases de efeito estufa ocorrerá em paralelo a um grande crescimento econômico.

Fornecedores já se organizam para proporcionar às majors produtos que incorporem a redução das emissões. A inovação passa a ser mola propulsora dessa economia de baixo carbono. Há um compromisso das empresas em zerar suas emissões, inclusive de escopo 3, mas várias alternativas estão sendo testadas no momento, pelo mundo todo, como o green hydrogen.

O investimento em novas tecnologias para veículos e embarcações elétricas ou híbridas, movidas a energias renováveis ou biocombustíveis, será fundamental para reduzir fontes de emissões prioritárias como as da área de transporte. Restará, ainda, o desenvolvimento de mais tecnologias de remoção de carbono da atmosfera, inseridas em um rol enorme de soluções baseadas na natureza (florestas, manguezais, recuperação dos solos).

O setor privado vem tomando a dianteira de muitas inciativas, na esteira dos fundos verdes internacionais, que já injetam milhões de dólares em projetos no Brasil. No entanto, os setores de navegação e aviação ainda se encontram tímidos em seus processos de descarbonização.

Com a vitória de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos, sentimos o movimento climático e toda a sustentabilidade ganhar oxigênio para acelerar o crescimento que veio amadurecendo.

A chamada economia azul oferece um potencial ilimitado. Os bens e serviços do oceano já geram US $ 2,5 trilhões a cada ano e contribuem com mais de 31 milhões de empregos diretos em tempo integral, pelo menos até a chegada da pandemia.

Também há um impulso em direção à neutralidade do carbono, levando em consideração diferentes escalas, claro, de contribuição às emissões globais. Muitas cidades estão se tornando mais verdes, a economia circular reduz desperdícios e as leis ambientais estão se adaptando às demandas do mercado.

O Global Environmenl Facility (GEF), ou Fundo Global para o Meio Ambiente, um dos maiores financiadores de projetos ambientais no mundo, financia 67 projetos nacionais (U$ 593 milhões), além de 56 inciativas regionais ou globais, nas quais o Brasil está incluído (U$ 915 milhões).

Uma agenda ambiental positiva é indispensável para aumentar o estímulo à economia verde. Afinal, em 2020, a sustentabilidade atingiu indivíduos, empresas, negócios e projetos, ganhou prioridade nos investimentos e está mais disseminada no setor empresarial.

Claudia BP Bethlem  é Consultora Ambiental Independente com mestrado em Oceanografia e especialização em estimativas de abundância de mamíferos marinhos. Graduou-se em Biologia pela Universidade Santa Úrsula e fez mestrado na FURG – Fundação Universidade do Rio Grande

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