É preciso investir U$ 27 bi até 2026 em eólica offshore para adicionar anualmente 30 GW até 2030
Relatório da Woodmac destaca que as metas dos governos de adicionar 80 GW anualmente até 2030 são irrealistas, devido à necessidade de investimentos adicionais de US$ 100 bilhões na cadeia de suprimentos, atualmente escassos
A cadeia de suprimentos global de energia eólica offshore demandará um investimento de US$ 27 bilhões até 2026 para alcançar um crescimento cinco vezes superior nas instalações anuais (excluindo a China) até 2030.
A previsão é baseada em um estudo da Wood Mackenzie intitulado Correntes Cruzadas: Traçando um Curso Sustentável para a Energia Eólica Offshore, que revela que tal investimento é essencial para atingir uma adição anual de capacidade de 30 GW até 2030.
O relatório evidencia que as metas estabelecidas pelos formuladores de políticas para a energia eólica offshore são ainda mais ambiciosas, visando a adição anual de quase 80 GW até 2030. No entanto, para cumprir esse objetivo, seria necessário um investimento estimado de mais de US$ 100 bilhões na cadeia de suprimentos.
O documento alerta para desafios significativos que o setor enfrenta, sendo a escassez de investimentos imediatos na cadeia de suprimentos um dos principais obstáculos.
“Instalações anuais de quase 80 GW para atender a todas as metas governamentais não são realistas, mesmo alcançar nossos 30 GW previstos em adições será irrealista se não houver investimento imediato na cadeia de suprimentos”, disse Chris Seiple, Vice-Presidente de Energia e Renováveis da Wood Mackenzie, co-autor do relatório.
Uma das razões para a dificuldade em atrair investimentos é a baixa margem de lucro no setor de energia eólica offshore, o que tem desencorajado os fornecedores.
A construção excessiva da cadeia de suprimentos em 2015 contribuiu para a queda da lucratividade, e a falta de rentabilidade está limitando a capacidade de financiar a expansão da capacidade de produção, afetando assim a inovação na indústria.
Projetos agendados para entrar em operação entre 2025 e 2027 têm seu caminho para o mercado garantido por meio de subsídios ou acordos de compra de energia (PPA). Apesar disso, a decisão de investimento financeiro (FID) ainda não foi tomada para muitos deles, devido à renegociação dos crescentes custos de suprimentos e à inflação associada aos contratos de compra de energia.
O adiamento desses projetos resultará na transferência da demanda de equipamentos prevista para 2025-27 para o período de 2028-30. Mas muitos investidores expressam preocupação de que, se a cadeia de suprimentos for expandida para atender à demanda máxima de instalação em 2030 para alcançar as metas, pode haver uma demanda insuficiente por equipamentos para sustentá-la após esse ano.
Como escalamos?
Para lidar com essa situação, segundo a Wood Mackenzie, será necessário um plano de escalonamento da cadeia de suprimentos de energia eólica offshore, que envolve ajustes diversos por parte dos governos e desenvolvedores. Isso inclui a definição de metas e planos para a infraestrutura do mercado de energia que vá além de 2030, especialmente em áreas onde isso ainda não foi feito.
Além disso, os formuladores de políticas precisarão considerar o impacto nas cadeias de suprimentos ao decidir sobre a renegociação de contratos existentes e interromper a corrida por turbinas de tamanho maior com um limite de tamanho.
Nesse sentido, a colaboração entre a cadeia de suprimentos de energia eólica offshore e os formuladores de políticas será crucial. O relatório destaca que as decisões tomadas no presente terão um impacto não apenas nos projetos atuais, mas também na capacidade de energia eólica offshore de 1,4 TW que a Wood Mackenzie prevê estar conectada até 2050.
Matéria originalmente publicada no EnergiaHoje em 17 de agosto de 2023.
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