Coppe e CNOOC firmam acordo para dois projetos em energias renováveis offshore
O primeiro tem como objetivo investigar turbinas eólicas flutuantes em águas profundas; o segundo visa à descarbonização das operações de óleo e gás no pré-sal, integrando fontes eólica, solar e de ondas
A Coppe/UFRJ e a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) firmaram um acordo para a realização de dois projetos de pesquisa voltados para energias renováveis no oceano, com um financiamento de 16 milhões de reais. A iniciativa é liderada pelo Grupo de Energias Renováveis no Oceano (Gero), ligado ao Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da Coppe.
O primeiro projeto tem foco na investigação de turbinas eólicas flutuantes em profundidades que variam de 60 a 150 metros no Sul, Sudeste e Nordeste, onde os ventos são mais fortes. O escopo da pesquisa inclui acoplamento aerodinâmico e hidrodinâmico, análise de linha de ancoragem e avaliação estrutural.
“Avaliaremos o desempenho das estruturas com grau de maturidade tecnológica (TRL) superior a 4 e métodos construtivos que possam dar maior competitividade às plataformas flutuantes”, explica o professor Segen Estefen, do Programa de Engenharia Oceânica (PEnO) e coordenador do GERO.
Já o segundo projeto, busca a descarbonização das atividades de óleo e gás na região do pré-sal, em profundidades de 500 a 2.500 metros. Para isso, será aplicado o conceito de parque híbrido, que integra fontes eólica, de onda e solar. A pesquisa englobará análises aerodinâmicas e hidrodinâmicas das turbinas, bem como o desempenho das linhas de ancoragem em águas ultraprofundas.
Sobre os desafios dessa empreitada, o professor Milad Shadman, também do PEnO/Coppe e pesquisador do GERO, destaca: “Devem ser escolhidas linhas que tenham resistência suficiente e não aumentem demasiadamente o carregamento sobre o sistema flutuante. Como o sistema de conversores de onda é relativamente pequeno em relação aos conversores eólicos, com boias de cerca de cinco metros de diâmetro e peso de cerca de 50 toneladas, uma alternativa em avaliação é a utilização de ancoragem compartilhada para os diferentes módulos de conversão eólica, de ondas e solar”.
Atualmente, as plataformas FPSO utilizam turbinas alimentadas por gás natural. Parte do objetivo é avançar em direção à descarbonização, considerando a variabilidade das fontes renováveis. Uma solução em análise é a integração de baterias que estabilizem o suprimento elétrico.
Ambos os projetos com a CNOOC terão duração de três anos. Inicialmente, o foco será em simulações computacionais, enquanto o terceiro ano será dedicado a testes experimentais no Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano) da Coppe.
Mais de trinta pesquisadores de quatro laboratórios distintos da Coppe estão envolvidos, abordando áreas como hidrodinâmica, aerodinâmica, estrutura, controle de potência, oceanografia, meteorologia, estimativa de custo, otimização e inteligência artificial.
No primeiro projeto, participam dois laboratórios do Programa de Engenharia Civil da Coppe: o Numats e o Lamce. Já o segundo contará com a colaboração do Lamce e do Laboratório de Fontes Alternativas de Energia (Lafae), pertencente ao Programa de Engenharia Elétrica, responsável pela validação digital do controle de potência.
Matéria originalmente publicada no EnergiaHoje em 25 de agosto de 2023.
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