Opinião

Cenários exigem revisão de planejamento estratégico

Reações precipitadas geram imprevisibilidade, mas organizações têm oportunidade de rever projeções e questionar paradigmas

Por Wagner Victer

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Em um plano de vôo a rota da aeronave é traçada tendo como informações básicas a origem, o destino e a quantidade de recursos que se pretende gastar para executar o trajeto. Para garantir o êxito de qualquer operação, dentro de limites previamente definidos como aceitáveis, é necessário o mapeamento das alternativas disponíveis e os riscos a cada uma delas associados. Essas alternativas são definidas como uma série de “way points” possíveis, que são determinados com base no mínimo consumo de combustível e na localização das facilidades de suporte operacionais e de emergência em terra, como pistas alternativas para o pouso em situações críticas.

O mesmo princípio de um simples plano de vôo vale em qualquer outro lugar da indústria: ao elaborar um plano estratégico, uma corporação de qualquer dimensão projeta diversos cenários em diversos níveis de riscos, e assim como o piloto do avião, constrói todo esse planejamento com base na realidade visível no momento, esperando que não aconteça o cenário catastrófico onde todas as variáveis previstas não venham a ocorrer simultaneamente.

Sendo assim, não seria absurdo dizer que a pandemia da Covid-19 foi um verdadeiro “Cisne Negro”, sendo impossível de ser antecipada por qualquer plano estratégico, deste modo destruindo a maioria dos cenários projetados e exigindo um enorme esforço dos agentes impactados para revisar seus planejamentos estratégicos.

A dimensão da crise, que não encontra similares recentes, criou um cenário totalmente disruptivo. Aliada a essa questão da inevitável falta de planejamento, existe a questão da falta de experiência dos agentes para o enfrentamento de problema dessa magnitude. Reações precipitadas e desproporcionais e a “bateção de cabeça” das autoridades públicas, em diversas esferas, gera um caldo de caos e imprevisibilidade extremamente preocupantes que se somam a um paradigma que já é grave.

Na indústria do petróleo, a situação é dramática: previsões e análises de especialistas, de pouco menos de 15 dias, foram literalmente destruídas, e muitos sequer consideravam a possibilidade do comportamento épico que ocorreu neste mês de abril no mercado futuro do óleo. Alguns aqui no Brasil até propuseram, de maneira precipitada, a aceleração na concessão através da ANP de novos blocos das bacias brasileiras, sem mesmo ter o tempo de considerar quais serão os impactos no longo prazo.

O fato é que a sobreposição de conflitos geopolíticos na indústria do petróleo, excesso de oferta, redução drástica de demanda, colapso no sistema de estocagem, descontrole do sistema de paridade cambial e uma ausência de um sistema institucional e internacional moderador gerou um comportamento adicional não previsto nos planos das organizações voltadas ao setor.

O aprendizado mais imperativo dessa crise é a necessidade da revisão dos planos estratégicos de todas empresas e da tomada de ações imediatas. O desconhecimento da extensão temporal da atual pandemia recomenda a revisão dos cenários projetados e o questionamento de paradigmas, incluindo um mercado com maior participação de associações de arbitragem, permitindo um relacionamento mais horizontalizado entre corporações de diferentes níveis, e a criação de fronts unificados para apresentar suas demandas ao poder público.

Da mesma maneira, todas as corporações a partir de hoje terão a oportunidade de se portarem diferentemente em sua organização interna, fazendo uso de novas ferramentas tecnológicas de comunicação a distância para superar os empecilhos físicos, do desenvolvimento de recursos humanos capazes para rápida adaptação a diversos cenários e de criação de uma nova cultura corporativa de dedicação para ultrapassar a adversidade, da mesma maneira que muitas nações fizeram ao longo de eventos trágicos como as guerras mundiais.

Não é tempo de só olhar a árvore que está a sua frente, mas de olhar toda a floresta, como dizem os "magos" que dão as palestras de planejamento, de considerar que não foi o impacto do meteoro que destruiu os poderosos dinossauros, mas a nuvem de poeira que veio em seguida. Preservaram-se nem sempre os maiores e mais fortes, mas principalmente aqueles seres que melhor souberam se adaptar ao novo cenário. Meteoros não são apenas coisas da história, mas algo que aconteceu no passado, está acontecendo e pode infelizmente voltar a surgir no futuro.

Wagner Granja Victer é engenheiro (UFRJ) da Petrobras, bacharel em Administração (UERJ), pós-graduado em Finanças (FGV) e em Gerência de Projetos pela Harvard University

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