“Bateria de água”: um nome popular para as reversíveis

Boletim da PSR de maio sugere o aprofundamento dos estudos para o uso das UHRs no Brasil e sugere alternativas de nomenclatura

Em vez de usina hidrelétrica reversível (UHR), um conceito extremamente técnico e que remete à resistência socioambiental a novas hidrelétricas convencionais no Brasil, um termo mais popular e compatível com a função que se espera dessas instalações, o armazenamento de água para ser transformada em energia nas horas de maior necessidade. A expressão “bateria de água” remeteria diretamente a essa função.

A sugestão, aventada em workshop realizado em maio pela Aneel, aparece na cessão sobre recursos hídricos do Energy Report da PSR que circula a partir de hoje (07/06). A ideia é retirar dessas instalações, que tendem a causar bem menos impactos, a associação com a imagem de um grande lago artificial e suas possíveis consequências sobre a vida das regiões.

“É importante destacar as vantagens socioambientais das UHR, em especial aquelas em ciclo fechado, com reservatórios fora da rede de drenagem”, destaca o texto, acrescentando em seguida que “a PSR defende um processo de licenciamento ambiental bastante simplificado nestes casos, em arranjos semiabertos (que usam reservatórios existentes) ou UHR tipo pump-back de hidrelétricas convencionais em cascata”.

Outra opção de nome sugerido no texto, a partir dos debates no workshop, é o de Sistemas de Armazenamento Bombeados, mais em sintonia com as nomenclaturas internacionais, como a de pumped storage, em inglês.

O importante é que o artigo recoloca o debate sobre uma alternativa que pode ser uma das soluções brasileiras para a crescente necessidade de armazenamento que suporte a expansão das novas fontes renováveis, mais variáveis. E mantém acesa a discussão sobre a necessidade de remunerar adequadamente as funções não só das reversíveis, mas das hidrelétricas convencionais nos seus novos usos.

Itaipu

O boletim da consultoria dedica também um capítulo à cada vez mais próxima renovação do Anexo C do Tratado de Itaipu, prevista para agosto deste ano. A proposta da PSR é que “tanto a negociação do novo Anexo C como a revisão do regulamento da energia de Itaipu seja feita por etapas”.

No caso do anexo C, o texto sugere que se vá além da simples recalibragem dos itens que compõem a tarifa, como royalties e tarifa de cessão da energia paraguaia, pensando, por exemplo, na exportação direta da energia da usina.

“O que se deve evitar é que sigamos no futuro usando média aritmética para negociar tarifas, e em seguida somar os custos de linhas de transmissão e empurrar a conta final para os consumidores regulados de algumas regiões do país”, conclui o artigo após sugerir várias possibilidades a serem adotadas no rearranjo que se aproxima.


Matéria publicada originalmente no EnergiaHoje em 7 de junho de 2023.

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