As UHEs de Salto Santiago e Jaguara querem espaço na disputa

Empresa avalia oferecer a potência adicional que as duas usinas podem incorporar no leilão de capacidade previsto para este ano

O presidente da Engie Brasil, Eduardo Sattamini, admitiu a possibilidade de a empresa participar do leilão de capacidade previsto para o fim deste ano, oferecendo a ampliação das UHEs Salto Santiago e Jaguara que já possuem nas suas estruturas poços preparados para receber duas novas unidades geradoras cada.

O atual gerente de assuntos regulatórios e de mercado da empresa, Eduardo Takamori, que em 1º de junho assume a direção financeira em substituição a Marcelo Malta, detalhou a intenção da Engie: “Sabemos que existe um contexto de excesso de oferta, sendo necessário ter um pouco de cautela nas contratações, mas certamente vamos avaliar a oportunidade de motorizar os poços das usinas de Jaguara e Salto Santiago. Essas usinas têm capacidade técnica para fazer isso e poderiam adicionar uma capacidade instalada à empresa”, disse.

A Engie está construindo parques de geração eólica e solar que somam 1.778 MW de capacidade instalada, e Sattamini advertiu os analistas que não se deve esperar outros grandes movimentos na direção de ampliações, algo aparentemente contraditório frente à iniciativa de ampliar as duas UHEs.

Em entrevista ao EnergiaHoje, o executivo explicou que o processo do leilão de capacidade, que visa a contratação de potência e não de energia, tem receita garantida, atrelada à disponibilidade da instalação para acionamento em caso de necessidade. Desta forma, a ampliação das duas usinas entra em uma contabilidade à parte dos investimentos para ampliar a geração de energia pura e simplesmente.

Salto Santiago, de 1.420 MW de capacidade, no rio Iguaçu (PR), tem em sua estrutura dois poços para receber turbinas de 355 MW cada, o que permitiria elevar sua capacidade para 2.130 MW. No caso de Jaguara, no rio Grande (MG), de 424 MW, há também dois poços para receber duas UGs de 106 MW cada, elevando a capacidade total para 636 MW.

Segundo a EPE, a primeira está no nível A das usinas passíveis de ampliação, significando que ela tem as estruturas para receber as novas UGs totalmente prontas. Jaguara está incluída no nível B, o que quer dizer que as principais estruturas para receber as ampliações estão parcialmente prontas.

Na conferência de resultados, a direção da Engie defendeu também uma decisão do governo brasileiro que torne permanente a decisão recente de exportar energia das hidrelétricas para países vizinhos (Uruguai e Argentina).

A regra atual libera apenas a exportação de energia turbinável que esteja sendo vertida, mas para Sattamini, isso poderia ser perenizado, aproveitando o momento hidrológico favorável. Comprando energia hidrelétrica mais barata, a Argentina, por exemplo, poderia ficar liberada para vender gás ao Chile.

Questionado sobre a incerteza da continuidade da atual fartura hidrológica, o presidente da Engie disse que em uma conjuntura diferente os países iriam naturalmente ajustar esses mercados, aproveitando que a infraestrutura já existe e não exigiria novos investimentos significativos.

Sobre o leilão da Copel previsto para acontecer no final deste ano, o presidente da Engie disse ao EnergiaHoje que a decisão do governo do Paraná de fazer a privatização da empresa em Bolsa, nos moldes da venda do controle da Eletrobras, afasta operadores do setor, como a Engie, uma vez que ela não teria o controle da operação.

Antes da decisão do governo paranaense de vender a Copel por inteiro, a Engie era tida como a principal candidata a adquirir o controle da UHE Foz do Areia (1.676 MW), maior usina da estatal, que já estava à venda e que, pela legislação, teria que ser leiloada até dezembro deste ano.


Matéria originalmente publicada no EnergiaHoje em 05/05/2023.

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