Opinião

As cadeias produtivas de valor global em crise

Questões de segurança nacional exigirão a reavaliação do que são bens e serviços estratégicos para cada país

Por Wagner Victer

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[vc_row][vc_column][vc_column_text]Apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores de álcool do mundo, houve, graças à corrida causada pelo novo coronavírus, um grande desabastecimento nacional do chamado álcool em gel há até pouco tempo.

Isso aconteceu porque muitos fabricantes nacionais dependem da importação de espessantes como o Carbopol, o que levou a Embrapa a desenvolvesse espessantes como a nanocelulose de pinus e eucalipto.

Ao mesmo tempo, países como o Japão começam a abrir linhas de crédito subsidiadas para que seus fornecedores possam sair de países como a China rumo a uma verticalização nacional de cadeias produtivas consideradas estratégicas no território nacional.

O fato é que a pandemia da Covid-19 no mundo quebrou todos os paradigmas e mudará o sistema de logística já consolidado na elaboração das cadeias produtivas de valor. Esse novo cenário força países a voltarem a se fechar e priorizar estrategicamente suas linhas produtivas – tendência que também deve ser seguida por grandes corporações assim também o farão.

No ano de 2018, em meio à greve dos caminhoneiros, foi revalidada a tese que sempre defendi, de que veículos abastecidos alternativamente por GNV seriam estratégicos, diante de um eventual desabastecimento, pois poderiam manter o Rio de Janeiro operando com um mínimo de movimentação.

A disrupção dos fluxos de valor em função da pandemia certamente levará à adoção de novas medidas, pois, muitas vezes, um pequeno componente oriundo de logística internacional impede que o serviço de um determinado país funcione adequadamente.

Ademais, questões de segurança nacional exigirão a reavaliação do que são bens e serviços estratégicos para cada país. Em corporações empresariais, como a própria indústria de petróleo e gás, haverá uma reconsideração de métodos e redirecionamento de fluxos de capitais. Talvez o grande desafio que tenhamos nessa pós-pandemia seja o de se inserir na grande rearrumação global das cadeias produtivas, revisando as estratégias de negócios e a forma de se portar na disputa com  países de grande poderio tecnológico e econômico, como EUA, China e parte da Europa, que, recentemente, se demonstraram pouco solidários na prática do chamado “comércio justo”.

No Brasil, especialmente favorecido pelo novo patamar cambial da relação dólar/real, temos oportunidade de rever nossas cadeias produtivas, que estarão muito influenciadas por novas políticas públicas indutoras da geração de emprego no país. Esse novo rearranjo é impossível de ser projetado com antecedência e acurácia em âmbito internacional, mas a tendência é que sistemas de montagem, construção civil e a própria indústria de construção naval e offshore voltem a ter  oportunidades no mercado brasileiro, logicamente sem estabelecer cartéis ou reserva de mercado, como já aconteceu no passado.

Da mesma maneira, na área de recursos humanos, muitas cadeias de valor serão realinhadas, não só pela implementação de novas tecnologias que viabilizarão trabalho remoto, mas também no sentido de aproximar a moradia dos profissionais cuja presença física é imprescindível no trabalho. Isso evitaria impactos de novas greves de transporte público ou sistemas de lockdown.

Essas características dos recursos humanos serão devidamente valorizadas e associadas em processos seletivos de profissionais iniciantes e já com mais experiência. Está cada vez mais claro que tais necessidades podem voltar a serem sentidas, visando à maximização da rentabilidade de uma organização e sua sobrevivência.

Wagner Victer é Engenheiro, Administrador, Ex-Secretário de Estado de Energia, Indústria Naval e do Petróleo, e Ex-Conselheiro do CNPE[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_raw_html]JTNDZGl2JTIwcm9sZSUzRCUyMm1haW4lMjIlMjBpZCUzRCUyMm5ld3NsZXR0ZXItb3Bpbmlhby02ZWY3ZjBkYWRiMWJmYzA0YTA5MyUyMiUzRSUzQyUyRmRpdiUzRSUwQSUzQ3NjcmlwdCUyMHR5cGUlM0QlMjJ0ZXh0JTJGamF2YXNjcmlwdCUyMiUyMHNyYyUzRCUyMmh0dHBzJTNBJTJGJTJGZDMzNWx1dXB1Z3N5Mi5jbG91ZGZyb250Lm5ldCUyRmpzJTJGcmRzdGF0aW9uLWZvcm1zJTJGc3RhYmxlJTJGcmRzdGF0aW9uLWZvcm1zLm1pbi5qcyUyMiUzRSUzQyUyRnNjcmlwdCUzRSUwQSUzQ3NjcmlwdCUyMHR5cGUlM0QlMjJ0ZXh0JTJGamF2YXNjcmlwdCUyMiUzRSUyMG5ldyUyMFJEU3RhdGlvbkZvcm1zJTI4JTI3bmV3c2xldHRlci1vcGluaWFvLTZlZjdmMGRhZGIxYmZjMDRhMDkzJTI3JTJDJTIwJTI3VUEtMjYxNDk5MTItOCUyNyUyOS5jcmVhdGVGb3JtJTI4JTI5JTNCJTNDJTJGc2NyaXB0JTNF[/vc_raw_html][/vc_column][/vc_row]

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