Opinião

A nova geração de FPSOs da Petrobras

O objetivo é acelerar os prazos de construção e montagem de unidades próprias e concorrer com a alternativa de unidades afretadas

Por Fabrício Benites Soares

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O Projeto Básico de Referência é o projeto da nova geração de FPSOs da Petrobras. O FPSO de referência é resultado de mais de uma década de aprendizado da Petrobras nos ciclos de projeto, construção, partida e operação de plataformas de produção no pré-sal, em que as unidades próprias mais recentes foram os FPSOs replicantes (P-66 a P-70) e da Cessão Onerosa (P-74 a P-77).

Nesse período, a companhia mapeou, avaliou e incorporou as melhores soluções técnicas e de gestão de engenharia para desenvolver a nova geração de projetos de FPSOs. A Petrobras, então, evoluiu para um projeto básico “nascido digital”, incorporando o uso de tecnologias digitais (realidade virtual, automações, pensamento algorítmico, etc.) e ciência de dados desde o projeto até a operação.

O Projeto Básico de Referência busca maximizar o valor econômico dos projetos de desenvolvimento de produção, por meio de soluções que visam a redução de prazo de implantação, o maior grau de padronização dos sistemas, o aumento da eficiência operacional, a incorporação de melhorias a partir de lições aprendidas de unidades anteriores e a adoção de novas tecnologias e inovações para atender aos compromissos da companhia com baixo carbono e sustentabilidade.

A P-78 e a P-79, que serão construídas e instaladas no campo de Búzios, serão os primeiros FPSOs utilizarão o projeto de referência.

Lições aprendidas e olhar para o futuro

O programa corporativo que deu origem ao Projeto Básico de Referência foi criado em 2015, em meio a um cenário econômico desafiador, que exigia que as soluções para os projetos em andamento fossem simples e eficientes.

A principal melhoria introduzida foi a integração das diferentes fases de implantação de um FPSO, desde o projeto básico até a operação no primeiro ano, em um mesmo grupo de engenheiros especialistas na atividade. Essa mudança buscou solucionar um dos grandes desafios deste tipo de projeto, que é a integração e a continuidade da gestão do conhecimento ao longo de todas as fases.

Assim, além de otimizar os processos e o modelo de trabalho dos especialistas na estrutura organizacional da Petrobras, promoveu-se uma transformação cultural, com a equipe de engenharia e de implantação de projetos respondendo em conjunto pelo alcance das metas de produção e de eficiência operacional. Isso otimizou a forma como são projetadas, implantadas e comissionadas as novas plataformas.

Outras melhorias alcançadas no desenvolvimento de projetos de FPSOs são: a utilização intensiva de ferramentas digitais e de banco de dados multidisciplinares, permitindo que não só os profissionais envolvidos na elaboração do projeto as utilizem trabalhando simultaneamente, assim como as equipes envolvidas no planejamento, construção, comissionamento, operação e manutenção das plataformas, ao longo de todo ciclo de vida dessas unidades; o aperfeiçoamento de ferramentas digitais, com foco na verificação de maturidade e de consistência do projeto; e o aperfeiçoamento de ferramentas e procedimentos para o gerenciamento e tratamento de riscos, especialmente nas fases de projeto conceitual e básico, visando menores impactos em caso de necessidade de revisão dos projetos.

Nova estratégia de contratação

Enquanto o Projeto Básico de Referência se concentrou nas melhorias técnicas dos projetos, um outro programa corporativo, criado pela Petrobras em 2019, buscou tratar das questões de estratégia de contratação para unidades próprias. O alinhamento dos dois programas garantiu à Petrobras uma nova forma de contratação, mais competitiva, para fazer frente aos desafios atuais e futuros que os projetos do pré-sal e a indústria de óleo e gás offshore demandam.

Para permitir o engajamento antecipado dos fornecedores na contratação das novas plataformas, foram publicados no Canal Fornecedor Petrobras ao longo de 2020   diversos documentos de projeto, como especificações técnicas e arranjos. Por meio desse canal, a Petrobras também pôde obter sugestões do mercado para aprimoramento de especificações e aumento de competitividade.

Além disso, o Projeto Básico de Referência foi, pela primeira vez, disponibilizado na licitação na forma de Bancos de Dados estruturados, consistentes e relacionados, permitindo estimativas de custos mais acuradas e em menor tempo, sendo, portanto, um protótipo de ativo verdadeiramente digital.

Fabricio Benites Soares é gerente geral de Engenharia de Sistemas de Superfície da Petrobras.

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